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As Pesquisas de CORT’s são Científicas

  • Mauricio Mendonça
  • 8 de abr. de 2006
  • 5 min de leitura

Crianças de diversas partes do mundo com dois ou um pouco mais anos de idade, vêem de uma forma aparentemente consistente desde a década de 1960, falando que tiveram um "outra vida" antes dessa. Uma pesquisa sistemática tem observado que um grande número das informações fornecidas por elas são verdadeiras, algumas apresentando habilidades fisicas ou intelectuais complexas. Além disso, marcas de nascença existente no corpo da criança, muitas vezes correspondem aos locais dos ferimentos que causaram a morte do sujeito da vida anterior.

O pioneiro nessas pesquisas foi o médico Phd em psiquiatra Ian Stevenson, que as iniciou na década de 60 do século XX. Em resumo trata-se de uma coleção de milhares de estudos de casos onde indivíduos de 2 a 8 anos de idade alegam lembrar-se de terem tido uma vida anterior. Quando o pesquisador toma conhecimento do caso e tem a permissão dos pais, ele dá início ao processo indo até o local onde mora o sujeito. Realizam-se então as entrevistas com a criança, e em seguida com seus pais, familiares ou vizinhos que possam ter alguma informação relevante e as marcas de nascença são também registradas. Se a família da personalidade prévia já tiver sido localizada anteriormente, procede-se a entrevista com a mesma, se não, inicia-se uma busca por ela a partir das informações fornecidas pela própria criança. Em seguida são buscados documentos tais como: certidões de nascimento, certidões de óbitos, laudos médicos, etc. A partir daí serão feitas análises estatísticas na tentativa de verificar padrões e testar as diversas hipóteses.

Esse tipo de pesquisa tem sido chamado de CORT’s (Cases of Reincarnation Type – Casos do Tipo Reencarnação) que é tecnicamente falando um Estudo de Casos com Tentativa de Controle de Variáveis Envolvidas e Tentativa de Avaliação Quantitativa.

Nesse artigo pretendo discutir se essas pesquisas podem mesmo serem consideradas cientificas; e se as hipóteses óbvias de fraude ou de coincidência estão suficientemente bem afastadas.

Parece ainda distante o tempo em que a pesquisa de casos que sugerem reencarnação – CORT’s, será pelo menos considerada como genuína pesquisa cientifica pela maioria da comunidade acadêmica que não está envolvida com esse tipo de pesquisa. Até certo ponto é positivo o conservadorismo da academia, mas na minha opinião há um certo exagero preventivo de alguns que se esforçam em evitar que qualquer pesquisa que pareçam dá qualquer apoio a fenômenos chamados ‘paranormais’ possa receber alguma legitimidade.

No entanto alguns pesquisadores, principalmente o Dr. Ian Stevenson, têm dado importantes contribuições teóricas e experimentais às pesquisas de CORT’s. No Brasil tivemos a importante contribuição de Hernani Guimarães Andrade que publicou o livro Reencarnação no Brasil e que apresenta resultados semelhantes à pesquisa de Stevenson.

Podemos dizer que atualmente há um quadro favorável à hipótese da reencarnação devido à algumas fortes evidências encontradas nessas pesquisas. Tais pesquisas foram inclusive publicadas em revistas indexadas pelo ISI (Institute for Scientific Information) e com fator de impacto na comunidade científica. Como exemplo, podemos citar: A Nature e American Psychiatric Association (Impact Factor de 8.286).

Nature 227, 1293-1293 (26 Sep 1970)

New World <<Reencarnação: Karma Revelado, ou Quase>>

Uma menina inglesa pode sentir-se altamente satisfeita em ter vivido como uma indiana numa vida anterior? O Dr Jamuna Prasad, que tem investigado este e cinco outros casos de reencarnação, acredita que não. Numa palestra à Sociedade Americana para Pesquisa Psíquica em Nova Iorque na semana passada,...<http://br.geocities.com/existem_espiritos/reencarnacao_nature>

American Journal of Psychiatry, 2005

(Revisão do Livro: Casos Europeus do Tipo Reencarnação)

REMI J. CADORET, M.D. - Iowa City, Iowa

Este é um livro incomum de ser revisado – é incomum por ser essencialmente uma monografia que apresenta alguns resultados das eternas pesquisas do Dr. Stevenson, quanto à evidência para a reencarnação, e incomum ao lidar com um tema -reencarnação- que é um muito raro estar em foco nas discussões psiquiátricas, especialmente nestes dias de crescente interesse em abordagens neuropsicológicas e genética molecular para os complexos comportamentos humanos, incluindo psicopatologia....

Mesmo assim, muitos “céticos” teimam erroneamente em dizer que tais casos são anedóticos, possuindo pouca ou mesmo nenhuma validade. Relato de Casos Anedóticos não é a mesma coisa que Estudo de Casos. E mero Estudo de Casos não é a mesma coisa que Estudo de Casos com Tentativa de Controle de Variáveis Envolvidas e Tentativa de Avaliação Quantitativa. Os estudos CORT (Cases of Reincarnation Type – Casos do Tipo Reencarnação) não estão incluídos na primeira categoria (que é a mais fraca). Os estudos CORT também não estão incluídos na segunda categoria (de força mediana). Eles fazem parte do terceiro grupo, que possui força bem superior: Estudo de Casos com Tentativa de Controle de Variáveis Envolvidas e Tentativa de Avaliação Quantitativa.

Parece-me que estes “céticos” não percebem a diferença entre relatos anedóticos e estudo de casos. Muitos relatos anedóticos são praticamente indistinguíveis de lendas urbanas. Por outro lado, estudos de casos como alguns dos melhores feitos por Ian Stevenson (como o artigo sobre três casos no Sri Lanka de 1988, e o caso do jovem Imad Elawar de 1966), são tão meticulosos e tão ricos de detalhes, e tão cautelosos com relação às demais possibilidades, que na verdade se constituem em evidência observacional de boa qualidade, assim como ocorre em estudos de zoologia etc. E tais estudos foram, em uma dose pelo menos minimamente satisfatória, já foram reproduzidos por outros pesquisadores, constituindo evidência de fenômenos paranormais.

Outros céticos reclamam que tais estudos de casos, por melhores que sejam, não podem ser comparados a situações controladas de laboratório, por não eliminarem a possibilidade de fraude. De fato, normalmente não há um forte controle contra a fraude, porém várias características típicas de tais casos são simplesmente impossíveis de serem fraudadas, descartando assim a necessidade de controle laboratorial. Entre tais características, incluem-se os defeitos e as marcas de nascimento, e penso que podem ser citadas também as fobias demonstradas pelas crianças.

Recentemente, o cético Richard Wiseman tentou reproduzir as demais características dos CORT’s por meios normais, sem sucesso. Nas palavras de Jim Tucker, o estudo de Wiseman “demonstra que ‘coincidência’ fracassa em explicar partes importantes dos casos, embora sua intenção tenha sido mostrar o oposto”. Tucker considera também que tal estudo demonstra que ‘fraude’ não pode ser aplicada aos casos resolvidos com registros escritos antes das verificações.

Além disso, já foi possível fazer testes controlados numa minoria desses casos. O pesquisador Jim Tucker cita 02 desses casos no capítulo 07 de seu livro Life Before Life (2005): o de Gnanatilleka Baddewithana e o de Ma Choe Hnin Htet, ambos com resultados positivos. Tais casos contradizem as críticas dos céticos de que a fraude ou a coincidência seriam explicações razoáveis para os CORT’s.

Atualmente outros pesquisadores, além de Stevenson, estão realizando pesquisas independementes e têm conseguido mesmo uma replicação dos estudos de Stevenson, entre eles: Emily F. Williams, Satwant Pasricha Godwin Samararatne, U Win Maung, JamesK. Onwubalili, StuartJ. Edelstein, JamesK. Onwubalili, Titus Rivas, etc.. Há de ressaltar também, o modelo proposto por Jim Tucker, propondo uma escala para medir o grau de força para avaliação de um determinado caso.

Concluindo podemos dizer que apesar da forte oposição a essas idéias, as pesquisas de CORT’s estão se disseminando e se fortalecendo na comunidade acadêmica internacional, mas temos também que reconhecer que muito ainda resta a ser feito para atingir um grau de maturidade considerado ótimo. As dificuldades para realizar essas pesquisas são enormes, tanto pela dificuldade intrínseca do objeto de estudo, quanto à resistência natural da sociedade cientifica e também por dificuldades de financiamento. Felizmente o progresso do conhecimento científico não pode ser obstruído eternamente por imposições de crenças e nem de anti-crenças. Ou seja, se efetivamente esses fenômenos forem verdadeiros, mais dia menos dia a verdade prevalecerá, se não for, o tempo se encarregará de sepultá-las definitivamente.

Mauricio Mendonça, 2006

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