Comunicação Mediúnica Intervivos
- Ana Claudia Peixoto de Mendonça
- 30 de ago. de 2017
- 3 min de leitura

“ Não somos seres humanos tendo uma experiência espiritual. Somos seres espirituais tendo uma experiência humana” (Pierre Teilhard de Chardin.)
Análises feitas a respeito de uma classe de fenômenos mediúnicos, pouco explorada ainda, vêm demonstrar a possibilidade da comunicação entre os espíritos encarnados ou “os vivos”. Bozzano em seu livro Comunicações mediúnicas entre vivos apresenta um dos mais lúcidos e mais pertinentes sobre a natureza dos chamados fenômenos psi, tratando das comunicações mediúnicas entre vivos, demonstra que o psiquismo independente da criatura humana, é o mesmo e age da mesma maneira nos fenômenos anímicos (ou mentais, como são hoje classificados) e nos fenômenos espíritas. Vai além demonstrando que a simples admissão do extra-sensorial sugerindo que o psiquismo humano não pode ser reduzido somente às funções orgânicas.
Desde os primórdios da pesquisa psi, quando era ainda o magnetismo e hipnotismo, os pesquisadores perceberam que sujets sobre a ação dessas técnicas (ficavam em estado sonambúlico, ou estado alterado de consciência) podiam possibilitar a ocorrência de vários fenômenos psíquicos, tais como: Clarividência, Visualização de órgãos humanos internos, telepatia, e falar ou se comportar como se fora outra pessoa: encarnada, desencarnada, fictícia, de animais e até objetos (De Rochas, XIX) e outros fenômenos variados. Com o desenvolvimento do espiritismo, percebeu-se também que além dos mortos era possível evocar uma pessoa viva (alma) para dar comunicação numa seção espírita seja por psicografia ou psicofonia. São relatados na Revista Espírita informações de ocorrência e experimentações desse tipo em reuniões espíritas no grupo de estudos de Allan Kardec em Paris.
A partir daí, chega-se à possibilidade do "eu integral subconsciente" entrar em relação com outros espíritos de pessoas vivas (encarnadas), mediunicamente ou telepaticamente, ora separando-se temporariamente de seu próprio corpo somático (bilocação), ora comunicando-se ou conversando telepaticamente à distância, depois de ser estabelecida a "relação psíquica". Considero, entretanto, que essa relação psíquica não seja necessariamente obrigatória. Pois o transmissor não precisa estar em sintonia direta com o receptor. Havendo cada veículo de manifestação da consciência uma freqüência natural de vibração e quando uma freqüência tem a sua aumentada, pela ação da vontade e do pensamento, consegue por assim dizer captar outra que esteja “temporariamente” em uma freqüência mais baixa ou em repouso aparente. Essa captação é possibilitada pela capacidade que tem o psicossoma, ou corpo mental de expandir-se e captar o que está além da matéria e, por conseguinte, captar outros corpos mentais.
A essa relação psíquica chamamos de telepatia extrafísica: transmissão e recepção do pensamento pelo processo de informação direta da consciência, para outra consciência no estado de vigília física. (BOZZANO 186,p.166) Ocorrendo uma telegrafia mental, em que o agente e o destinatário operam diálogos, que mostram que não é só mais um fenômeno de transmissão telepática de pensamento e sim uma conversa verdadeira e própria entre duas personalidades abrangentes. A consciência projetora, manifesta-se como comunicante, falando através do corpo de um sensitivo ou médium.
Allan Kardec em o Livro dos Espíritos cita que espíritos podem comunicar-se, mesmo se o corpo estiver completamente acordado, porque o Espírito não está encerrado no corpo como numa caixa ou gaiola: ele irradia em todo o seu derredor; eis porque poderá comunicar -se com outros Espíritos, mesmo no estado de vigília, embora o faça mais dificilmente. (LE -420). O períspirito, invólucro fluídico que liga o espírito ao corpo (aerossoma), possui por assim dizer características bem definidas, tais como: Plasticidade (expansibilidade), densidade (ponderabilidade e luminosidade), penetrabilidade, visibilidade (tangibilidade), sensibilidade, bicorporeidade, sensilbilidade magnética e outras. Garantindo ao espírito encarnado possibilidades espiríticas extraordinárias, capazes de ultrapassar barreiras tangíveis da matéria pela simples ação do pensamento e da vontade.
Pesquisas no Século XIX retratam que foram organizados círculos de estudos anímicos-parapsiquícos em duas cidades distantes onde as pessoas reuniam-se simultaneamente e se comunicavam entre si, através dos sensitivos dos círculos, pelo fenômeno da psicofonia projetiva humana. Os fatos ocorriam de tal maneira que excluíam a possibilidade de ocorrer interferências de outros fenômenos anímicos ou intraconscienciais. (AKSAKOF 09, p.534) Demonstrando por assim dizer a veracidade dos diálogos e sua possibilidade entre vivos.
O grupo de estudos do Instituto de Pesquisa e Ciência Espírita do Ceará –IPCE , vem estudando e observando a possibilidade de tais comunicações, no qual tem sua base teórica nos pressupostos acima. Foi estabelecido para a pesquisa um protocolo próprio de investigação (triplo – cego), em que é possível comparar estatisticamente a leitura psíquica (através da captação de personalidade) através da pontuação obtida entre dois questionários de supostas fontes diferentes (dois emissores). Ou seja, se essa leitura psíquica é capaz de representar e diferenciar de quais fontes (uma dentre duas) provem as informações, com percentuais acima do esperado estatisticamente.
Dados positivos estão sendo observados sugerindo que a comunicação psíquica intervivos é possível. Ao final da pesquisa poderemos ter a confirmação da hipótese, reforçando as conclusões dos estudos e pesquisadores acima citados.
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