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Cartas Psicográficas em Tempos de Facebook

  • Mauricio Mendonça
  • 22 de nov. de 2018
  • 4 min de leitura

Sem dúvida, uma das mais fortes evidências em apoio à hipótese da sobrevivência da alma são as cartas psicográficas de falecidos, dirigidas aos seus parentes mais próximos. Além da grande carga emocional envolvida, o que é mais contundente em se tratan-do de evidências científicas são as informações particulares e desconhecidas do público, contidas nessas cartas. A psicografia foi uma modalidade de mediunidade muito utilizada desde os primórdios do Espiritismo, sendo o seu exercício mais popularizado entre nós brasileiros pelo fenômeno Chico Xavier. Infelizmente, durante todo esse tempo, existiu e ainda existem impostores que abusam da boa-fé das pessoas, tirando proveito dos momentos em que se encontram mais fragilizadas, após a perda de algum ente, notadamente quando uma mãe perde um filho querido.

Na atualidade, em função da grande quantidade de informações pessoais e de familiares disponíveis através da internet, principalmente pelas redes sociais, ficou ainda mais fácil falsificar uma “carta psicografada”, mesmo para quem não seja um hacker. Alguém que esteja intencionado em fraudar precisa basicamente ter algum talento literário e uma boa técnica mnemônica. Quando uma pessoa sinaliza que pretende ir a um evento desse tipo, seja através de um comentário na postagem do Facebook, ou ao clicar nas opções “compartilhar”’ ou “curtir”, sem se dar conta deixa pistas para a elaboração de uma possível fraude. Um falso médium pode obter inúmeras informações pessoais e familiares, consultando o seu Facebook, por exemplo, e que servirão como base para uma falsificação bastante convincente.

Recentemente, uma mãe sentindo-se ludibriada denunciou a falsificação de uma carta que recebeu num evento dessa natureza. Durante a leitura dessas cartas aparecem informações incomuns, tais como número de telefone e do CPF. Lembrando que o médium mineiro Chico Xavier, considerado o médium de maior reputação em se tratando desse tipo de fenômeno, não produzia sua psicografia com todo esse nível de detalhes. No caso da carta em questão veio um telefone e endereço completo como se a família morasse ou já tivesse morado em um determinado local. Acontece que o endereço citado na carta nunca fora o local de moradia da família. Então, qual a explicação para a presença dessa informação na carta? Após uma pequena investigação, foi encontrado no site de lista telefônica decorrente de um erro da operadora. Ou seja, o suposto espírito passou várias informações (disponíveis no Facebook da mãe) e citou um endereço e telefone que nada tinha de verdadeiro, e que estava especificado numa página na internet de acesso público. Esse fato, o do endereço adulterado, demonstra claramente o caráter da falsidade dessa psicografia. E isso tudo foi possível porque a mãe denunciante fez um comentário aparentemente banal na postagem do evento: “Se Deus quiser estarei presente”.

Então, como regra segura, quem pretender ir a qualquer evento desse tipo, deve fazê-lo de forma reservada, sem aviso prévio e não deve sequer curtir a postagem do evento. Não significa dizer que todos os médiuns utilizam tal expediente fraudulento em suas atividades. Diante desse acontecimento, como saber se determinados eventos de cartas psicográficas são dignos de confiança? Do ponto de vista científico, precisaríamos realizar sessões controladas, com metodologia e protocolos apropriados. Evidentemente, sabemos que é muito difícil manter esse nível de controle; entretanto, é necessário ter parâmetros para avaliar o grau de veracidade dos fenômenos realizados por determinados médiuns, notadamente os que realizam esse tipo de evento público.

Os médiuns autênticos aceitam participar de qualquer pesquisa para atestar os fenômenos dos quais são portadores. Nas cartas psicográficas cuja autoria espiritual são parentes falecidos, raramente estes informam número de telefones, CPF e endereço, principalmente. Outro parâmetro importante e talvez o fundamental é que os verdadeiros médiuns espíritas geralmente promovem, em paralelo, uma bela obra assistencial. Por outro lado, nas cartas fraudadas, a grande maioria refere-se a familiares encarnados (informações mais facilmente encontradas na internet) e apresentam um conteúdo padronizado.

É compreensível que quem passa por uma dor tão aguda como a de perder um ente querido não mantenha em alta a criticidade necessária para tomar decisões racionais diante da possibilidade de obter a certeza da continuidade da existência daquele parente que partiu. Assim como é compreensivo sentir-se balsamizado perante aquelas palavras consoladoras fortemente desejadas. Então, diante da necessidade ou desejo de receber a graça de ter notícias do lado de lá, é mister tomar as devidas precauções seguindo basicamente as dicas citadas acima e observando os sinais também aqui listados.

Infelizmente, o desejo de receber notícias do além faz com que pessoa não atente para os cuidados devidos, mesmo diante de fatos que demonstram a enorme possibilidade de fraude. Outros não aceitam que foram ludibriados, como em um caso particular que me foi apresentado. O movimento espírita sofrerá sérios arranhões em sua reputação quando a mídia descobrir e veicular fraudes desse tipo dentro do Espiritismo. É apenas uma questão de tempo. Portanto, é dever de cada um de nós, como preconizou o missionário da codificação, procurar coibir semelhantes práticas. Não que devamos sair espalhando acusações despropositadas a partir de qualquer denúncia, mas que seja informada e divulgada sempre essa possibilidade para orientar as seus simpatizantes no sentido de tomarem os devidos cuidados. Uma boa notícia, nesse contexto, é que já se tem informações de que pesquisas sérias estão sendo realizadas para que haja maiores conhecimentos acerca desse fenômeno, com a participação de médiuns sérios e autênticos comprometidos com a veracidade dos fatos observados.

(divulgação autorizada)

Contato: ipce.ce@gmail.com Mauricio Mendonça - Coordenador do IPCE

 
 
 

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