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O Fenômeno da Regressão de Memória

  • Mauricio Mendonça
  • 24 de jul. de 2019
  • 6 min de leitura

Quando o Cel. Albert d`Rochas, engenheiro militar, publicou no final do século XIX o seu mais conhecido livro, “As Vidas Sucessivas” estava de certa forma colaborando com um trabalho maior que era o estabelecimento do espiritismo, enquanto ciência. Assim como ele, Allan Kardec também tinha conhecimento do “magnetismo animal”, mas evidentemente a tarefa já grandiosa, de sistematizar o espiritismo, não permitiu uma outra especialização, além do estudo da mediunidade. A reencarnação, tomada como hipótese cientifica na codificação, revertia-se em objeto de pesquisa experimental.

A partir do último quarto do século XX, psicólogos de várias partes do mundo começaram a observar que seus pacientes em estado alterado de consciência podiam dar informações sobre personalidades que seriam suas pretensas reencarnações. Perceberam também, que ao “relembrar” de determinados fatos e sentirem as emoções associadas a essas “lembranças”, muitos dos sintomas clínicos do paciente desapareciam ou diminuíam consideravelmente, como em um processo de catarse. A despeito de suas formações acadêmicas materialistas, muitos passaram a utilizar essa “tecnologia” como instrumento de trabalho. Importante se diga, que essas pretensas lembranças, por si só, não comprovam a reencarnação visto que podem ter outras explicações, mais ou menos razoáveis.

Também nessa época o professor Hermínio C. Miranda, publicou “A Memória e o Tempo” onde faz um estudo recapitulando as pesquisas do Cel d’Rochas, analisa as conclusões de alguns pesquisadores e faz outras importantes considerações observadas em casos pesquisados por ele. Muitas das conclusões incluídas nesse artigo são baseadas em suas análises e outras são em minhas próprias experimentações.

Definição Regressão de Memória é o processo provocado ou espontâneo, por meio do qual, o espirito encarnado ou desencarnado fica em condições de retornar ao passado, na vida atual ou em existências anteriores, próximas ou remotas. A definição acima é bem ampla, e está assentada nos preceitos básicos da doutrina espírita, sem, no entanto ser uma criação desta, e nem oriundas de uma revelação transcendental revestidas de caráter místico ou dogmático. Antes é um fenômeno natural que pode ser pesquisado utilizando métodos e técnicas apropriadas. Como fato natural o fenômeno de regressão de memória obedece a leis e não a dogmas ou princípios religiosos.

Como funciona?

O paradigma espírita nos permite desenvolver um modelo teórico simplificado para explicação do fenômeno. Nesse estado, a consciência tem acesso a informações armazenadas fora do cérebro físico, as chamadas memórias extra-cerebrais. De acordo com pesquisas feitas até agora e pelo pouco conhecimento que temos do funcionamento da mente parece-nos indicar que pelo menos algumas das “lembranças” podem ser na realidade pseudo-lembranças. Certos experimentos demonstram a possibilidade de falsas memórias serem “implantadas” através de hipnose ou auto-sugestão, mesmo em se tratando da vida presente. Por enquanto a certificação dessas memórias, somente pode ser atestada por pesquisas históricas realizadas posteriormente. Existem estudos baseados em tomografia que indicam que a região cerebral ativada no momento das regressões são as mesmas áreas ativadas durante uma lembrança autentica. Características:

Após de conduzir pessoalmente dezenas de sessões de regressão, tratei de observar as características já apontadas por outros experimentadores para possíveis comprovações. São elas:

Fases: Existem diversas fases no decorrer do aprofundamento do Transe, em linhas gerais podemos dizer que diminui a sensibilidade dos sentidos e também a sugestionabilidade, passando o sensitivo a oferecer resistência praticamente invencível aos comandos do operador.

Laço luminoso: Durante o desdobramento a ligação corpo/perispírito é feita através de um laço luminoso. Pode ocorrer do sensitivo poder “ver” com os olhos fechados Ce inclusive visitar lugares distantes, podendo também se relacionar com seres desencarnados ou em desdobramento (de Rochas). Recordar-se e “estar lá” Apesar de semelhantes há uma sutil diferença, numa fase mais profunda o sensitivo tem a sensação de estar lá... No mesmo local e no mesmo tempo de antes, sendo assim mais fácil falar de detalhes daquela existência (HCM). Numa fase de transe mais superficial, o sensitivo sente-se consciente e mesmo assim pode visualizar imagens ou relembrar de uma vida passada, e muitas vezes ao final da seção insiste em afirmar que esta ‘aqui’ (consciente) o tempo todo, e acha que tudo foi apenas “invenção da sua cabeça”. No entanto as informações históricas (época, país, governante) checadas posteriormente comprovem não se tratar de uma simples mistificação. Este tem sido o que acontece em nossas experiências pessoais. Incorporação da personalidade: Apesar de parecer incrível, é exatamente o que acontece. Pude comprovar esse fato em alguns dos meus sujeitos. Mas sem dúvida o caso mais patente, foi o caso “Nefertiti”, citado alhures onde por diversas horas estive frente, entrevistando uma das mais famosas rainhas da história, pelo menos essa foi a sensação que eu tive. Interessante anotar que nessa situação o sujeito perde a noção da realidade presente, não reconhece o operador e nem sabe o que está se passando. Pode acontecer que o sujeito se recorde ou não dos detalhes de toda as fase da experiência ao despertar.

Ângulo de observação: Interessante observar que algumas vezes, principalmente no inicio da seção, o sensitivo vê imagens na perspectiva de um observador externo, como se assistisse a um filme em três dimensões, estando na cena mas sem pertencer a ela. Na seqüência da seção, ele pode passar a visualizar a cena no ângulo de um dos personagens, com a qual ele se identifica como ele próprio, vivendo com uma outra personalidade. Pode-se conseguir esse efeito, comandando para que o sensitivo olhe para os seus pés, depois que ele descreve a cena. Outras vezes, a lembrança vem como uma recordação de uma estória sem nenhuma imagem, a qual poderá surgir a seguir em forma ‘flashes’ ou passar para uma das fases iniciais (experiência pessoal).

Anacronismo: É a confusão de datas quanto à acontecimentos e pessoas. Convém lembrar, que o sensitivo desdobrado tem noção muitíssimo diferente do habitual quanto ao conceito de tempo. A memória não é igual ao uma agenda que todos os dias estão muito bem determinados, um em cada folha. Não é, pois de admirar se durante as experiências ocorrerem alguns anacronismos. Outras vezes a memória se mostra com uma incrível competência. Obtive o caso de uma regressão onde o sensitivo, do nosso grupo, lembra de uma vida na Galiléia e ele diz que o ano é 800, na época do Imperador Claudius, o quarto depois de César. Nesse caso interessantíssimo, a data está surpreendentemente correta, pois o mesmo se referia ao calendário utilizado na época, o Romano, que é contado a partir da fundação de Roma em 753 AC.

Pontos Hipnógenos: Existem pontos que quando tocados (após a devida preparação) induzem o transe e outros que o encerram. Segundo as pesquisas de de Rochas, podemos identificá-los devido a insensibilidade dessas áreas. Ele cita: pulsos, atrás da orelha, peito e nas costas, mas pode variar de pessoa para pessoa. Eu não me dispus a fazer essas verificações em nenhum sujeito.

Regressões em espíritos: Hemínio C. Miranda realizou inúmeras regressões em espíritos durante a manifestação mediúnica, utilizando basicamente o método de magnetização. Dessa forma é possível realizar verdadeira psicanálise em espíritos desencarnados. Progressão de memória: Albert de Rochas também tentou fazer experimentos de progressão de memória, ou seja, fazer o sensitivo ver o seu futuro. Porém foram poucos e inconclusivos. Penso eu, que as experiências de progressão mostram uma possibilidade de futuro, talvez a mais provável no momento (mas é somente uma hipótese). Vislumbro também utilizá-la como uma espécie de imagem mental criativa, a fim de fazer uma mentalização positiva, ou uma simulação de determinadas cenas que facilitem o tratamento psicológico.

Apoio espiritual: Nas nossas experimentações, estamos supondo que há uma equipe espiritual que participam na obtenção dos fenômenos, e até induzem as épocas das regressões que possam atender a determinados objetivos, e isso podemos ter percebido durante as práticas, Conforme veremos mais à frente. E também no que tange a ausência de manifestações mediúnicas, salvo uma, por enquanto, que garantia a presença deles na condução do trabalho e solicitando sinceridade nos propósitos e oferecendo segurança no processo.

Efeitos colaterais: Quando há ocorrência de um transe mais profundo, é comum que o sensitivo guarde por algum tempo o desconforto devido às fortes emoções que foram revividas. Pode até mesmo causar reações posteriores em função daquelas lembranças. Portanto é extremamente importante, que antes de trazer o paciente para o presente, seja feito um lento trabalho de re-equilíbrio, dando sugestões de calma, serenidade, saúde, etc. fazendo-o compreender que deve manter as memórias, mas as emoções devem ficar restritas a aquele determinado período no tempo.

Considerações finais: Diante desse quadro, nada há de surpreendente no fato de que empregando-se a técnica apropriada seja possível não apenas sincronizar com aquela realidade da memória chamada da memória que chamamos passado, como a outra realidade do tempo que chamamos futuro. De alguma forma, portanto é possível encontrar nas estruturas do tempo brechas cósmicas por onde os sensores da mente aprofundam-se na intimidade de nossos registros inconscientes e reproduzem sons, imagens e emoções de um passado esquecido, mas não destruído, da mesma forma que a metodologia da hipnose pode rebuscar os registros da vida atual no âmbito da subconsciência e do inconsciente. O esquecimento é conveniente, contido por certos condicionamentos, mas não absoluto e total.

 
 
 

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